3 de janeiro de 2015

Pela janela

  E chega ao fim mais um dia cinzento... às 17:30 (da tarde) anoitece.
  Desta janela, uma vista heterogênea, uma mistura de muitos elementos.
  Ao fundo, vê-se alguns telhados e as luzes da cidade que está lá embaixo grande, organizada, mas muitas vezes ofuscadas pela neblina.
  Logo ao lado, o vazio de uma construção que se iniciou, de certo, de uma demolição de um prédio mais antigo que aqui estava situado. Um paredão cinza a erguer-se, mas ainda desorganizado e meio disforme. Pouco a pouco a obra avança e mais uma peça é colocada em seu devido lugar.
  Mais ao fundo, as torres da basílica de Fourvière. Em uma delas, um anjo iluminado com uma lança e em outra, a mais alta, a estátua dourada da Notre Dame. Estão voltados para a cidade a observa-la e guarda-la.
  Os três elementos da janela contrastam e mimetizam as minhas emoções nesses meses em que observo esta paisagem.
 a cidade que escolhi para morar. Grandiosa e sempre em ordem, mas muitas vezes coberta de neblina e frio, que atrapalham o seu bem estar.
 a construção barulhenta e feia, ninguém quer esse elemento como visão em sua janela. Porém, representa-me bem, a estruturação de uma nova etapa, conturbada e barulhenta, mas com um objetivo traçado e com a expectativa de ao final ser algo sólido.
 as estátuas no alto. Imponentes. Ambos estão todos os dias a lembrar-me da nobreza do meu objetivo apesar do isolamento, do percurso difícil e conturbado.